Infertilidade e sofrimento psíquico: uma escuta possível na Psicanálise
- Patricia Figueira
 - 18 de ago.
 - 2 min de leitura
 

A maternidade é frequentemente tratada como algo natural, quase automático — como se toda mulher, ao desejar um filho, fosse capaz de engravidar sem grandes obstáculos. Mas e quando isso não acontece? E quando o positivo não vem, mês após mês? O que se cala, o que se rompe, o que se perde dentro dessa mulher?
A infertilidade toca em lugares profundos da subjetividade. Não se trata apenas do corpo que não concebe — mas da mulher que se vê diante de um luto que o mundo muitas vezes não reconhece: o luto do filho que não veio.
Silêncios e cobranças
O sofrimento da infertilidade é muitas vezes vivido em silêncio. Há vergonha, culpa, comparação, medo. O tempo passa, os ciclos se repetem, os exames se acumulam… e a dor também.
A sociedade, por sua vez, oferece pouco espaço para que essa dor seja ouvida. “Relaxa que uma hora vem”, “Você ainda é nova”, “Se não der certo, adota” — frases que tentam consolar, mas ferem ainda mais.
A escuta psicanalítica como acolhimento
Na análise, não há pressa, não há julgamento. Há escuta.
O sofrimento psíquico que acompanha a infertilidade merece espaço para ser elaborado, nomeado, simbolizado. Cada mulher tem sua história, seus desejos, suas marcas. E, muitas vezes, esse processo de escuta permite não apenas compreender a dor, mas resgatar a potência de ser mulher para além da maternidade biológica.
Fertilizar a alma
A jornada pode incluir tratamentos, pausas, novos caminhos, reencontros consigo mesma. A psicanálise não traz respostas prontas — mas oferece um solo fértil onde o sujeito pode reconstruir seus desejos, cuidar de suas dores e, acima de tudo, se reconhecer novamente.
Se você vive esse processo, saiba que seu sofrimento é legítimo. E que há um espaço seguro para falar sobre ele. Vamos conversar?





Comentários